O que é e como funciona o Quórum de Votação no Processo Legislativo Brasileiro?


17 de julho de 2023By João Pedro Gois

 

A Câmara dos Deputados concluiu a votação, em segundo turno, da reforma tributária (PEC 45/19), que simplifica impostos sobre o consumo, prevê fundos para bancar créditos do ICMS até 2032 e para o desenvolvimento regional, além da unificação da legislação dos novos tributos. Essa importante matéria, aprovada na Câmara, agora será apreciada pelo Senado Federal.

 

A votação e aprovação de leis como essa destacam a relevância do quórum de votação no processo legislativo, que assegura a participação dos parlamentares e a validade das decisões tomadas.

 

O quórum de votação é o número mínimo de parlamentares requeridos para validar uma votação no parlamento. No Brasil, por exemplo, a Constituição Federal estabelece os quóruns específicos para diferentes tipos de votação. Segundo o artigo 47, da CF/88, a maioria absoluta é exigida para aprovação de Emendas Constitucionais, enquanto a maioria simples é suficiente para a aprovação da maioria das leis.

 

Existem diferentes tipos de votação que podem ocorrer no processo legislativo. A votação por maioria simples é a forma mais comum, sendo necessária a aprovação do texto apenas por metade dos integrantes presentes mais um, desde que esteja presente a maioria absoluta dos membros da respectiva Casa Legislativa (artigo 47, CF).

 

Já o quórum qualificado exige uma proporção maior de votos favoráveis para aprovar certas matérias, como aquelas que resultam em mudanças no texto constitucional. No Brasil, o artigo 60, da Constituição, estabelece que as Emendas Constitucionais devem ser aprovadas por três quintos dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em dois turnos de votação.

 

Um dos principais desafios relacionados ao quórum de votação é alcançar a presença adequada dos parlamentares durante as votações. Em momentos de baixo interesse público ou em questões controversas, pode ser difícil reunir a maioria dos parlamentares, o que pode atrasar o processo legislativo e dificultar a aprovação de leis importantes.

 

A flexibilidade do quórum de votação é um tema frequentemente discutido. Alguns sistemas legislativos adotam quóruns flexíveis, onde o número mínimo de parlamentares exigido pode ser ajustado de acordo com a importância da votação. Por exemplo, nos Estados Unidos, o Regimento da Câmara dos Representantes permite quóruns flexíveis para certos tipos de votação, como Emendas Constitucionais, exigindo uma proporção maior de votos favoráveis.

 

No entanto, a flexibilidade do quórum também pode gerar preocupações sobre a representatividade das decisões tomadas. É fundamental encontrar um equilíbrio entre a eficiência legislativa e a participação adequada dos parlamentares, para garantir a legitimidade das leis aprovadas.

 

Além da questão da presença adequada dos parlamentares, outro desafio enfrentado pelo quórum de votação é a obstrução parlamentar. Parlamentares podem usar táticas de obstrução para evitar votações e atrasar o processo legislativo, prejudicando sua efetividade. Mecanismos como a possibilidade de requerer o quórum mínimo por meio da presença física ou votações eletrônicas remotas podem ser adotados para combater essa obstrução.

 

Fica claro, portanto, que o quórum de votação desempenha um papel essencial no processo legislativo, garantindo a participação dos parlamentares e a validade das decisões tomadas. É fundamental que o processo legislativo continue a ser aprimorado, buscando sempre garantir a representatividade, a eficiência e a transparência, para que as leis aprovadas verdadeiramente reflitam os interesses da sociedade e promovam o desenvolvimento do país.